Terça-feira, 13 de Setembro de 2005
Gosto do cheiro do papel de embrulho, de misturar oleo de peixe e flores podres. A cidade acordou mexida de pés e mãos , dribles, rasteiras, carros velozes e cavalos nas casas de banho. É o grito do homem futebol, há policias e ladrões, pobres sentimentais que roubam por amor e outros que prendem por ciume. Gosto do cheiro do papel de embulho, meter ao bolso rebuçados e canções. A nossa pegagosa vida que se cola nas montras, no peito tatuado dos so0ldados. As putas nos cromos da nossa colecção, as meretrizes do nosso campeonato sexual. Gosto do cheiro do papel de embrulho, ver o merceeiro a roubar no peso tal Deus a roubar dias á criação. A cidade acordou mexida de pés e mãos, roubasse tão rápido e mais rápido se sai ileso. Entra-se na politica e não se estraga as unhas. A corrupção tem unhas envernizadas. Gosto do cheiro do peixe e de me sentar ao volante dos auitomóveis velhos e acender uma vela como fazem as beatas, masturbar-me e limpar-me na prata dos cigarros. . A cidade mexida de pés e mãos, os cavalos a correr e os homens a fugir e toda a gente a dormir.
Os livros são travesseiros, as pautas de musica , os cavaletes. As meretrizes da nossa cultura, o nosso papel de embrulhpo, os nossos ultimos dias, apocalipse de gargalhadas e vomitos.
lobo 05
De Anónimo a 13 de Setembro de 2005 às 10:48
Lobo, adorei este poema que é uma ode e um sarcasmo ao amor de dias presos, de cadeias de desconfiança. A masturbação na prata e nos olhos das beatas que rezam a um Deus que rouba dias, como a tia da fruta (pessoa de merceeiro) rouba ao peso. Partilho contigo estas hipocrisias que se vivem nos sentidos e que nem se escondem, tornando-se evidentes aos olhos de quem perspicazmente vê a vida passar. Adoro ver esse teu olhar quieto revelar os mares de sombras dos outros. E ainda gostei mais qdo li CONTINUA. Ou seja, mais sombras serão traduzidas por esse olhar que parece nem bulir, longe da crítica.
Je t'adore. Nina
(http://livejournal.com/users/avaloner2)
(mailto:alzira.guedes@sapo.pt)
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